O Ministério Público Federal teve acesso a escutas telefônicas que comprovariam a participação ilícita dos jogadores Emerson Sheik, do Corinthians, e Diguinho, do Fluminense, na aquisição de carros importados. Os dois foram denunciados na sexta-feira por contrabando e lavagem de dinheiro.
Sheik e Diguinho poderão ser processados. Neste caso, a participação de ambos na Libertadores fica em risco. Eles terão de pedir permissão à Justiça para sair do país para defender os clubes na competição continental.
O MP teve autorização para obter escutas telefônicas dos jogadores e de vários envolvidos na rede de comercialização ilegal de veículos de luxo. O áudio das conversas não foi liberado à imprensa.
DIRETOR CORINTIANO CRÊ EM INOCÊNCIA DE SHEIK
Em entrevista ao Jornal Marca Brasil, o diretor adjunto de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, quer conversar com Emerson Sheik para saber o que de fato acontece:
"Se precisar, daremos o auxílio necessário. temos que saber se ele realmente tem culpa, mas, no primeiro momento, acreditamos na sua inocência", disse Duílio.
Em contato com o UOL Esporte, a assessoria de imprensa do Ministério Público Federal informou que Sheik e Diguinho já prestaram depoimento, mas que suas declarações foram imprecisas. Ambos devem ser chamados novamente.
O procurador que acompanha o caso deverá apresentar em breve os materiais levantados pelo MP na tentativa de desmembrar a rede de comércio ilegal de importação de veículos de luxo.
Os dois podem ser condenados a até 14 anos de prisão, além de multa.
A assessoria de Diguinho informa que a compra do veículo BMW X5 está legalmente documentada. O veículo havia sido retido, mas foi devolvido ao volante.
No caso de Diguinho, ele adquiriu um veículo considerado ilegal de Emerson Sheik. A transação envolveu R$ 315 mil.
Para efetuar a transação ilícita e driblar o fisco, foi montada uma operação que envolveu outras pessoas também investigadas. Os investigadores apontaram série de irregulares na entrada desses veículos no país. Os carros chegavam com falsas documentações declarando como 0km, quando na verdade eram semi-novos. Os valores recolhidos de impostos eram subfaturados.
Os veículos foram colocados em nomes de proprietários laranjas. Em alguns casos, o pagamento foi feito diretamente ao exterior, o que é ilegal. Redes fictícias de compradores foram criadas para camuflar compras individuais.
Os clientes conseguiam comprar os automóveis por até 30% mais barato, evitando também a fila de interessados na aquisição de veículos em concessionárias de importados. Além disso, esses veículos contrabandeados entravam no país com todos acessórios pedidos pelo cliente, atraindo compradores.
É proibida a importação de carros usados. A Operação Black Ops, criada para detalhar a entrada de veículos de luxo no país, verificou outra fraude. Os carros importados que chegavam ao país tinham seus documentos alterados, deixando a condição de "carros usados" para se tornarem “0KM” no país.
A hipótese de que os compradores não sabiam da série de irregularidades não é levada adiante pelo Ministério Público. Outro apontado pela Operação foi o cantor Latino, que adquiriu veículo importado de forma suspeita.
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