Por Wikerson Landim
A internet pode estar vivendo uma de suas mais importantes fases de transição, capaz de mudar de uma vez por todas a maneira como todo mundo se relaciona com a rede. Os projetos de lei norte-americanos SOPA e PIPA, juntamente com o ato internacional ACTA, somados ao fechamento do Megaupload deixaram os internautas apreensivos sobre os rumos que a rede deve tomar nos próximos meses.
As primeiras mudanças já podem ser sentidas na prática por quem costuma baixar e compartilhar arquivos em grande volume. A retirada do Megaupload do ar eliminou por consequência o conteúdo de sites inteiros que apontavam para o serviço. Além disso, com medo de represálias, diversos outros sites concorrentes optaram por tirar do ar arquivos de procedência duvidosa ou claramente ilegal.
O fim da pirataria: realidade ou ilusão?
Acabar com a pirataria na rede não é uma tarefa simples e, certamente, isso não vai acontecer da noite para o dia. O fechamento de sites de compartilhamento de arquivos pode, de fato, ajudar a minimizar o problema, uma vez que limita o acesso a esse tipo de conteúdo, em especial por parte de internautas menos experientes que têm receio de usar programas complementares para baixar arquivos.
Contudo, o fato de minimizar o acesso ao conteúdo é somado a outro fator que pode incomodar ainda mais a população: o cerceamento às publicações e a vigilância constante de tudo aquilo que é postado na rede.
Caso o SOPA fosse aprovado, sites como o Facebook necessitariam de moderação para aprovar o conteúdo ou então poderiam ser responsabilizados por disponibilizar a sua plataforma para divulgação de um link para um download ilegal. Obviamente, algo inviável para redes sociais desse porte.
Não adianta me exterminar, outro vem em meu lugar. Será mesmo?
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(Fonte da imagem: NASC) |
Contudo, até mesmo os torrents podem ser ameaçados, caso o governo decida realmente agir. Uma das ideias das leis antipirataria é controlar em maior escala nomes de arquivos e tráfego diretamente a partir do provedor. No caso dos nomes, o cerco se fecharia com o bloqueio de compartilhamento de arquivos cujas nomenclaturas fossem similares às de obras com direito autoral.
Outra proposta é a de regular diretamente junto aos provedores o tráfego utilizado. Assim, caberia à empresa de internet gerenciar o seu IP e decidir se você pode ou não compartilhar um determinado tipo de arquivo, uma espécie de processo de certificação antes do download e do upload.
A proposta dificultaria a propagação de arquivos de duas formas: dificultando a busca e localização de arquivos, para os menos experientes, e dificultando o compartilhamento, para os mais experientes.
O golpe final: colocando fim às buscas
“Se não está no Google, não está na internet”. A máxima que se refere à eficiência do motor de buscas da Google poderia ser o golpe final para praticamente acabar de uma vez por todas com a pirataria na rede. Grandes buscadores como o Google e o Bing podem ser censurados para que não retornem ao internauta páginas que contenham links de download para conteúdos que infringem as leis de direito autoral.
Se você imagina que isso é impossível, saiba que a situação é perfeitamente cabível. Basta analisar como funciona a internet na China, onde diversos tipos de conteúdo são bloqueados. Sem poder encontrar links e arquivos torrent nos mecanismos de busca, nem compartilhar arquivos diretamente via P2P, a tendência é que os arquivos que violam as leis de direito autoral se tornem escassos na rede.
Obviamente, nada disso impede que o comércio paralelo e ilegal de CDs e DVDs prospere, ainda que haja maior fiscalização sobre ele. Entretanto, se não é possível conscientizar os internautas quanto ao uso de conteúdo ilegal na rede, a solução encontrada pelos órgãos governamentais foi a de censurar direto na fonte tudo aquilo que as pessoas fazem na rede.
E agora?
Como fica a internet sem tudo aquilo que você estava acostumado a baixar? Para muitos, não poder dispor de arquivos de filmes, livros e músicas na hora que bem entender apenas fazendo uma simples pesquisa no buscador já é motivo para cancelar a assinatura da franquia de dados.
Entretanto, como muitas mudanças ocorridas na rede, é bem provável que todos se adaptem e novas maneiras de compartilhar arquivos surjam nos próximos anos. Talvez a pirataria tenha chegado ao fim, ao menos da forma como conhecemos, mas isso não significa que as gravadoras e os estúdios de cinema possam comemorar vitória. Afinal, quem está ganhando com isso?
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